Após quase uma
semana de descanso em Noronha, depois da atribulada REFENO deste ano (ver post
anterior), no Sábado dia 04 de Outubro às 7 e meia da noite saímos de Fernando
de Noronha rumo a Fortaleza.
Nem sempre a vida no mar é um "mar de rosas",
principalmente no que diz respeito à burocracia da Capitania dos Portos para
emitir um despacho (documento de entrada e/ou saída de um porto, obrigatório
para embarcações que entram ou saem do país por qualquer porto brasileiro).
Pera aí… e o que
temos que ver com isso, se não estamos nem entrando nem saindo do país e somos
um barco brasileiro, com tripulação brasileira? Ocorre que Noronha, por ser uma
ilha oceânica, não se insere na mesma categoria dos outros portos. Quem chega ou
sai de Noronha necessariamente estará navegando em mar aberto, precisando para tal cumprir com uma série de exigências feitas pela Marinha em prol da
segurança da tripulação. A habilitação exigida é de Capitão Amador e entre os
equipamentos obrigatórios estão a balsa salva-vidas e o EPIRB, um emissor de
sinais via satélite que pode ser disparado (ou dispara automaticamente em caso
de contato com a água) e envia a localização exata do barco para as autoridades
responsáveis pelo resgate, em caso de emergência. Como estamos com tudo em dia,
não tivemos dificuldade de obter o despacho. Fui atendido pelo Sgt Eugênio que
prontamente me concedeu o despacho de saída da ilha.
A tripulação dessa
vez estava composta por mim, pela Ani e pelo Ruy. Saímos de Noronha ao
anoitecer do dia 04, calculando chegar no Atol das Rocas no dia seguinte pela
manhã, pois ainda tínhamos esperanças de poder fazer uma "parada
técnica" e, quem sabe, poder desembarcar e conhecer aquele magnífico
santuário. Infelizmente não foi possível desembarcar, mas ao menos conseguimos
permissão para fundear e passar algumas horas por lá, quando aproveitamos para
fazer um churrasco, descansar um pouco e também consertar o desalinizador que
não estava produzindo água desde à noite anterior.
O vento estava muito
forte e a ancoragem na barreta de NW estava muito desconfortável. A âncora
ficou presa em uma pedra e tive que mergulhar para soltá-la. Estávamos com uns
8-9 metros de profundidade, o que tornou a operação bem difícil. Voltei para a superfície
no limite de meus pulmões, felizmente com a missão cumprida pois se precisasse
descer de novo acho que não teria mais fôlego para isso.
Rumamos então para
Fortaleza, nosso último porto brasileiro antes de iniciar nossa jornada em
águas internacionais. A viagem foi ótima, apesar de o mar estar bem agitado na
maior parte do tempo. Apenas nas últimas 24 horas tivemos um descanso pois o
mar acalmou e tivemos uma navegação em popa rasa fantástica, apenas com a vela
grande em cima e ventos de 22-25 nós, empurrando o Blue Wind a invejáveis 10
nós de velocidade. A Ani não mareou em nenhum momento, mesmo tendo optado por
não tomar remédio para enjôo, o que tornou nossa navegação ainda mais
prazerosa.
Às 21:40hs do dia 06
de Outubro chegamos à Fortaleza. A maré estava baixa o que dificultou a entrada
na marina do hotel Marina Park. Decidimos então ancorar do lado de for a da
marina e dormir, ficando a tarefa de atracar o barco para o dia seguinte. Imaginem
como foi nossa noite após 52 horas no mar… Literalmente apagamos! No dia seguinte
atracamos o barco, fomos muito bem recebidos pelo Armando, gerente da marina,
que faz de tudo para que os velejadores que por lá passam se sintam em casa. Dois
dias depois fechamos o Blue Wind e voltamos todos para casa, para resolver as
últimas pendências em terra antes de iniciar nossa próxima perna, dessa vez bem
mais longa, rumo ao Caribe.
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